FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E CULTURAIS DA JUSTIÇA RESTAURATIVA E DA MEDIAÇÃO: SABERES TRADICIONAIS E A PRODUÇÃO PARTILHADA DO CONHECIMENTO

Autores

  • Carla Boin
  • Sérgio Bairon
  • Aivone de Carvalho Brandão

DOI:

https://doi.org/10.56238/revgeov16n5-018

Palavras-chave:

Justiça Restaurativa, Produção Partilhada do Conhecimento, Rizoma, Saberes Tradicionais

Resumo

O artigo aborda os fundamentos éticos, filosóficos e culturais da Justiça Restaurativa, destacando sua integração com saberes tradicionais e acadêmicos, visando construir uma sociedade mais inclusiva e equitativa. A Justiça Restaurativa transcende o modelo punitivo tradicional, focando na reparação de danos, no fortalecimento das relações e na valorização de múltiplas perspectivas culturais. A Produção Partilhada do Conhecimento une saberes acadêmicos e comunitários, garantindo práticas restaurativas culturalmente sensíveis e adaptadas às especificidades das comunidades. Essa abordagem representa uma mudança de paradigma, rompendo com a justiça retributiva e promovendo um modelo colaborativo e reparador. Com base em influências de pensadores como Emmanuel Levinas, John Rawls e Hans-Georg Gadamer, o artigo destaca a importância do diálogo, da ética da alteridade e da valorização de narrativas plurais, inspirando-se em Chimamanda Ngozi Adichie para criticar a “história única”. Ele compara a Justiça Restaurativa a um rizoma, conceito de Deleuze e Guattari, por suas conexões fluidas e horizontais, e ressalta a centralidade da comunidade, como apontado por Michel Maffesoli. O Princípio do Não Saber é destacado como um guia para mediadores e facilitadores que promovem a co-criação de soluções, enquanto a Linguagem Mediadora e Restaurativa é apresentada como uma ferramenta emancipadora que transforma o diálogo em construção coletiva. A inclusão de saberes locais é essencial para assegurar a relevância cultural dos processos restaurativos. A Justiça Restaurativa, fundamentada na Produção Partilhada do Conhecimento e na valorização da diversidade, oferece um modelo transformador de gestão de conflitos. Ela promove a construção de uma justiça mais humana, culturalmente adaptada e centrada no fortalecimento das comunidades e na criação de uma cultura de paz.

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Publicado

2025-10-27

Como Citar

Boin, C., Bairon, S., & Brandão, A. de C. (2025). FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E CULTURAIS DA JUSTIÇA RESTAURATIVA E DA MEDIAÇÃO: SABERES TRADICIONAIS E A PRODUÇÃO PARTILHADA DO CONHECIMENTO. Revista De Geopolítica, 16(5), e856. https://doi.org/10.56238/revgeov16n5-018