RELAÇÕES INTERORGANIZACIONAIS NA CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL: UM ESTUDO REGIONAL COM PRESTADORES DE SERVIÇOS
DOI:
https://doi.org/10.56238/revgeov16n5-031Palavras-chave:
Cadeia Produtiva Têxtil, Relações Interorganizacionais, Redes de Cooperação, Resiliência Organizacional, COVID-19Resumo
O estudo analisa fatores que influenciam a manutenção das relações interorganizacionais na cadeia produtiva do setor têxtil em Santa Catarina, segundo a percepção de prestadores de serviços terceirizados. Fundamentado na teoria de redes interorganizacionais, o trabalho examina como agentes da cadeia produtiva compartilham recursos e respondem a eventos de choque e incerteza, articulando-se com os campos de estudo sobre as relações entre a firma e o ambiente. A análise contempla dimensões como confiança, dependência, sinergia e resiliência, que sustentam a continuidade das parcerias. A pesquisa quantitativa foi conduzida com 53 prestadores de serviços e utilizou Análise Fatorial Exploratória para identificar os fatores determinantes dessas relações. Os resultados revelam quatro dimensões principais, denominadas Resiliência, Sinergia, Conformidade e Confiança, que explicam 74,85% da variância dos dados, sendo a Resiliência responsável por 37,71% e a Sinergia por 13,98%. Esses achados desafiam a visão tradicional de que normas e confiança são suficientes para sustentar redes robustas, evidenciando que a capacidade de aprender com crises e adaptar-se a contextos instáveis fortalece os vínculos interorganizacionais. Conclui-se que a resiliência constitui um elemento central na sustentabilidade das redes pós-crise, enquanto a sinergia reforça a cooperação e a otimização de recursos. O estudo contribui para o entendimento dos mecanismos que mantêm a coesão das redes produtivas e oferece subsídios gerenciais para o fortalecimento de parcerias em ambientes de alta incerteza.
Downloads
Referências
ALDRICH, H. E.; PFEFFER, J. Environments of organizations. Annual Review of Sociology, v. 2, p. 79-105, 1976.
ALVES, C. S.; BARRETO, J.; MARTINS, R. S. Confiança nos relacionamentos interorganizacionais e a formação de cadeias de suprimentos. Desafio Online, v. 3, n. 1, p. 41-52, 2015.
ARMANDO, E.; FISCHMANN, A. A.; CUNHA, N. V. Alianças estratégicas e cadeias produtivas globais em confeccionados têxteis: um estudo de múltiplos casos. Gestão & Regionalidade, v. 26, n. 77, p. 99-114, 2010.
BABLAK, K. Determinants of interorganizational relationships: the case of a Canadian nonprofit sport organization. Journal of Sport Management, v. 21, n. 3, p. 338-376, 2007.
https://doi.org/10.1123/jsm.21.3.338
BARTLETT, M. S. A note on the multiplying factors for various chi-square approximations. Journal of the Royal Statistical Society: Series B (Methodological), v. 16, n. 2, p. 296-298, 1954. https://www.jstor.org/stable/2984057
BUCIUNI, G.; CANELLO, J.; GEREFFI, G. Microfoundations of global value chain research: big decisions by small firms. Environment and Planning A: Economy and Space, v. 54, n. 6, p. 1086-1111, 2022. https://doi.org/10.1177/0308518x2210990
BUCIUNI, G.; PISANO, G. Variety of innovation in global value chains. Journal of World Business, v. 56, n. 2, p. 1-13, 2021. https://doi.org/10.1016/j.jwb.2020.101167
CASCIARO, T.; PISKORSKI, M. J. Power imbalance, mutual dependence, and constraint absorption: a closer look at resource dependence theory. Administrative Science Quarterly, v. 50, n. 2, p. 167-199, 2005.
CATTELL, R. B. The scree test for the number of factors. Multivariate Behavioral Research, v. 1, n. 2, p. 245-276, 1966. https://doi.org/10.1207/s15327906mbr0102_10
CENTENO, A. P. L.; OLIVEIRA REIS, T. B. Relações interorganizacionais e as contingências críticas determinantes na formação de um parque científico e tecnológico no Sul do Brasil. Interciencia, v. 45, n. 6, p. 266-272, 2020.
CRONBACH, L. J. Coefficient alpha and the internal structure of tests. Psychometrika, v. 16, n. 3, p. 297-334, 1951. https://doi.org/10.1007/bf02310555
CUNHA, C. R. D.; MELO, M. C. D. O. L. A confiança nas relações interorganizacionais. Organizações & Sociedade, v. 11, p. 79-93, 2004. https://doi.org/10.1590/1984-9110006
CUNHA, J. A. C. D.; PASSADOR, J. L.; PASSADOR, C. S. Recomendações e apontamentos para categorizações em pesquisas sobre redes interorganizacionais. Cadernos EBAPE.BR, v. 9, p. 505-529, 2011. https://doi.org/10.1590/s1679-39512011000600005
DAS, T. K.; TENG, B. S. Between trust and control: developing confidence in partner cooperation in alliances. Academy of Management Review, v. 23, n. 3, p. 491-512, 1998. https://doi.org/10.2307/259291
FIELD, A. Descobrindo a estatística usando o SPSS. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
FISCHER, B. B. Confiança, sistemas de certificação e atributos intrínsecos em relacionamentos interorganizacionais: uma discussão teórica orientada para o ambiente dos agronegócios. Race: Revista de Administração, Contabilidade e Economia, v. 13, n. 2, p. 549-570, 2014.
FRANCESCHINI, F.; GALETTO, M.; PIGNATELLI, A.; VARETTO, M. Outsourcing: guidelines for a structured approach. Benchmarking: An International Journal, v. 10, n. 3, p. 246-260, 2003. https://doi.org/10.1108/14635770310477771
GEREFFI, G. International trade and industrial upgrading in the apparel commodity chain. Journal of International Economics, v. 48, n. 1, p. 37-70, 1999. https://doi.org/10.1016/s0022-1996(98)00075-0
GIOSA, L. A. Terceirização: uma abordagem estratégica. São Paulo: Pioneira, 1997.
GRANDORI, A.; SODA, G. Inter-firm networks: antecedents, mechanisms and forms. Organization Studies, v. 16, n. 2, p. 183-214, 1995. https://doi.org/10.1177/0170840695016002
GRAY, B.; WOOD, D. J. Collaborative alliances: moving from practice to theory. The Journal of Applied Behavioral Science, v. 27, n. 1, p. 3-22, 1991. https://doi.org/10.1177/0021886391271001
GULATI, R.; GARGIULO, M. Where do interorganizational networks come from? American Journal of Sociology, v. 104, n. 5, p. 1439-1493, 1999. https://doi.org/10.1086/210179
HAIR, J. F. JR.; BLACK, W. C.; BABIN, B. J.; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R. L. Análise multivariada de dados. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.
HAYTON, J. C.; ALLEN, D. G.; SCARPELLO, V. Factor retention decisions in exploratory factor analysis: a tutorial on parallel analysis. Organizational Research Methods, v. 7, n. 2, p. 191-205, 2004. https://doi.org/10.1177/1094428104263675
JARILLO, J. C. On strategic networks. Strategic Management Journal, v. 9, n. 1, p. 31-41, 1988. https://doi.org/10.1002/smj.4250090104
KAISER, H. F. An index of factorial simplicity. Psychometrika, v. 39, n. 1, p. 31-36, 1974.
KLEIN, L. L.; PEREIRA, B. A. D.; FREITAS FILHO, A. C. A dependência das redes interorganizacionais em relação às suas empresas integrantes. Revista Ciências Administrativas, v. 25, n. 2, p. 1-16, 2019. https://doi.org/10.5020/2318-0722.2019.7808
KLINE, P. Handbook of psychological testing. London: Routledge, 2013. https://doi.org/10.4324/9781315812274
LAIMER, C. G. Determinants of interorganizational relationships in science and technology parks: theoretical and empirical evidence. Gestão & Regionalidade, v. 31, n. 91, p. 122-137, 2015. https://doi.org/10.13037/gr.vol31n91.2836
LISSILLOUR, R.; CUI, Y.; GUESMI, K.; CHEN, W.; CHEN, Q. Value network and firm performance: the role of knowledge distance and environmental uncertainty. Journal of Knowledge Management, v. 28, n. 1, p. 44-68, 2024. https://doi.org/10.1108/JKM-10-2022-0822
MACKENZIE, S. B.; PODSAKOFF, P. M. Common method bias in marketing: causes, mechanisms, and procedural remedies. Journal of Retailing, v. 88, n. 4, p. 542-555, 2012. https://doi.org/10.1016/j.jretai.2012.08.001
MARÔCO, J. Análise estatística com o SPSS Statistics. 7. ed. Lisboa: ReportNumber, 2018.
MARTIN, R. Regional economic resilience, hysteresis and recessionary shocks. Journal of Economic Geography, v. 12, n. 1, p. 1-32, 2012. https://doi.org/10.1093/jeg/lbr019
MARTIN, R.; SUNLEY, P. On the notion of regional economic resilience: conceptualization and explanation. Journal of Economic Geography, v. 15, n. 1, p. 1-42, 2015. https://doi.org/10.1093/jeg/lbu015
MESQUITA, L. F.; LAZZARINI, S. G. Horizontal and vertical relationships in developing economies: implications for SMEs' access to global markets. Academy of Management Journal, v. 51, n. 2, p. 359-380, 2008. https://doi.org/10.5465/amj.2008.31767280
MILES, R. E.; SNOW, C. C. Organizations: new concepts for new forms. California Management Review, v. 28, n. 3, p. 62-73, 1986. https://doi.org/10.2307/41165202
MOREIRA, E.; BORGES, M. A. D. A.; AMORIM, D. A.; COSTA, S. T. S. O impacto da pandemia no segmento de vestuário e da indústria têxtil. Revista GeTeC, v. 12, n. 40, p. 40-56, 2023.
MORGAN, R. M.; HUNT, S. D. The commitment-trust theory of relationship marketing. Journal of Marketing, v. 58, n. 3, p. 20-38, 1994. https://doi.org/10.1177/002224299405800302
NORDÅS, H. K. The global textile and clothing industry post the agreement on textiles and clothing. Geneva: World Trade Organization, 2004. https://www.wto.org
NUNNALLY, J.; BERNSTEIN, I. Psychometric theory. 3rd ed. New York: McGraw-Hill, 1994.
OLAVE, M. E. L.; AMATO NETO, J. Redes de cooperação produtiva: uma estratégia de competitividade e sobrevivência para pequenas e médias empresas. Gestão & Produção, v. 8, p. 289-318, 2001. https://doi.org/10.1590/s0104-530x2001000300006
OLIVER, A. L.; EBERS, M. Networking network studies: an analysis of conceptual configurations in the study of inter-organizational relationships. Organization Studies, v. 19, n. 4, p. 549-583, 1998. https://doi.org/10.1177/017084069801900402
OLIVER, C. Determinants of interorganizational relationships: integration and future directions. Academy of Management Review, v. 15, n. 2, p. 241-265, 1990. https://doi.org/10.5465/amr.1990.4308156
OLSSON, G.; KRUGER, S. D. Governança corporativa e externalidades: perspectivas sobre a Agenda 2030. Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM, v. 16, n. 2, p. 1-36, 2021. https://doi.org/10.5902/1981369439752
ORLU, K. N.; SWANEPOEL, J. W.; MANASOE, B. Value network configuration and competitiveness of emerging agricultural cooperatives in the Central Free State of South Africa. Southern African Business Review, v. 27, p. 1-21, 2023. http://dx.doi.org/10.25159/1998-8125/14645
PATTIT, J. M.; DEEDS, D. L. Knowledge dissimilarity, bargaining power, and smaller firms’ ability to negotiate a favorable alliance contract. Journal of Engineering and Technology Management, v. 62, p. 101659, 2021. https://doi.org/10.1016/j.jengtecman.2021.101659
PODSAKOFF, P. M.; MACKENZIE, S. B.; LEE, J. Y.; PODSAKOFF, N. P. Common method biases in behavioral research: a critical review of the literature and recommended remedies. Journal of Applied Psychology, v. 88, n. 5, p. 879-903, 2003. https://doi.org/10.1037/0021-9010.88.5.879
QUATRIN, D. R.; PEREIRA, B. A. D. Com quem devem se relacionar? Um estudo para a identificação e análise dos critérios de seleção de associados em redes interorganizacionais. Brazilian Business Review, v. 14, p. 321-335, 2017. https://doi.org/10.15728/bbr.2017.14.3.4
RAIKES, P.; FRIIS JENSEN, M.; PONTE, S. Global commodity chain analysis and the French filière approach: comparison and critique. Economy and Society, v. 29, n. 3, p. 390-417, 2000. https://doi.org/10.1080/03085140050084589
RING, P. S.; VAN DE VEN, A. H. Developmental processes of cooperative interorganizational relationships. Academy of Management Review, v. 19, n. 1, p. 90-118, 1994. https://doi.org/10.5465/amr.1994.9410122009
RUZO-SANMARTÍN, E.; ABOUSAMRA, A. A.; OTERO-NEIRA, C.; SVENSSON, G. The impact of the relationship commitment and customer integration on supply chain performance. Journal of Business & Industrial Marketing, v. 38, n. 4, p. 943-957, 2023. https://doi.org/10.1108/JBIM-07-2021-0349
SIMMIE, J.; MARTIN, R. The economic resilience of regions: towards an evolutionary approach. Cambridge Journal of Regions, Economy and Society, v. 3, n. 1, p. 27-43, 2010. https://doi.org/10.1093/cjres/rsp029
SINCORÁ, L. A.; ALVARENGA, M. Z.; OLIVEIRA, M. P. V.; ZANQUETTO FILHO, H. Resiliência em organizações e cadeias de suprimentos: o papel estratégico da orientação analítica. Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios, v. 14, n. 3, p. 135-162, 2021. https://doi.org/10.59306/reen.v14e32021135-162
SONG, C.; YU, K. Knowledge sharing and knowledge protection: an investigation of interorganizational collaboration in China. Knowledge and Process Management, v. 31, n. 2, p. 140-156, 2024. https://doi.org/10.1002/kpm.1769
SYDOW, J. Understanding the constitution of interorganizational trust. In: LANE, C.; BACHMANN, R. (Eds.). Trust within and between organizations: conceptual issues and empirical applications. Oxford: Oxford University Press, 1998. p. 31-63.
TABACHNICK, B. G.; FIDELL, L. S. Using multivariate statistics. 7. ed. Boston: Pearson, 2019.
TONDOLO, V. A. G.; PUFFAL, D. P. Antecedentes e resultados de um projeto de capacitação de fornecedores sob a ótica das relações interorganizacionais. Revista Alcance, v. 17, n. 1, p. 84-97, 2010.
VAN DE VEN, A. H. On the nature, formation, and maintenance of relations among organizations. Academy of Management Review, v. 1, n. 4, p. 24-36, 1976. https://doi.org/10.5465/amr.1976.4396447
VAN THAI, V.; RAHMAN, S.; TRAN, D. M. Revisiting critical factors of logistics outsourcing relationship: a multiple-case study approach. The International Journal of Logistics Management, v. 33, n. 1, p. 165-189, 2022. https://doi.org/10.1108/ijlm-10-2020-0394
VERSCHOORE, J.; BALESTRIN, A.; MACHADO-DA-SILVA, C. L. Concepções teóricas e verificações empíricas sobre a cooperação entre firmas no Brasil: uma introdução ao fórum alianças estratégicas e redes de alianças. Revista de Administração Mackenzie, v. 15, n. 3, p. 14-20, 2014. https://doi.org/10.1590/1678-69712014/administracao.v15n3p14-20
ZONTA, P. C.; MOLOZZI, G. A.; JENTZ, G. J.; CARVALHO, C. E. Relação entre cooperação e aprendizado organizacional com a competitividade em uma rede interorganizacional. Redes: Revista do Desenvolvimento Regional, v. 20, n. 1, p. 179-193, 2015. https://doi.org/10.17058/redes.v20i1.4046